Gaiato que vagueias à toa
Pelas ruas de Lisboa,
De mãos dadas na adversidade
Que te marcou impunemente
Com tantos outros da tua idade,
Vais subvertendo as regras
Que, justa ou injustamente,
Regem esta socieadade...
Sem família, sem raízes,
Sequer aquela mão amiga,
Pensas com a ingenuidade
Da tua 'inda pouca idade
Que, se alguns são felizes,
A ti resta a alternativa
Que abraças com impaciência,
De trocar as voltas à vida,
Procurando levá-la de vencida
Ao ingressar na delinquência...
Mas só tu conheces bem
Aquele secreto desejo
Que não confessas a ninguém,
De que o milagre aconteça
E a vida te ofereça
Por justiça o ensejo
De ainda encontrar alguém
Que, à noitinha te adormeça,
Te acorde com um beijo
E te dê colo de Mãe!...
Marieta Antunes